sábado, 16 de maio de 2009

Nossas reflexões

Os encontros com os colegas professores de Denise, Barra do Bugres e Porto Estrela são sempre muito proveitosos e enriquecedores. Sempre atenciosos, solícitos e receptíveis, eles se empenham para que o encontro seja realmente produtivo, apesar dos percalços. Sobre as atividades com o TP3, relembrando que muitos ainda não realizaram em razão da demora na entrega, com aqueles que já realizaram, elegemos alguns pontos a serem refletidos em nossas práticas. Um ponto negativo apontado refere-se ao pouco tempo empreendido para o estudo com os gêneros e tipos textuais. Em menos de um mês, não é possível realizar grandes reflexões em virtude da quantidade das atividades propostas para estudo e também pela carga de trabalho que a maioria dos colegas são levados a abarcar. Outro ponto a ser refletido é o de que muitos professores, alguns até recém-formados, não trabalharam durante suas formações com uma abordagem tão aberta ou tão direcionada ao estudo dos Gêneros e Tipos Textuais, e por essa razão, necessitariam de maior tempo de contato para assimilar melhor a proposta e acima de tudo, entender seus objetivos. Em alguns casos, observamos que os objetivos foram atingidos parcialmente influenciados por fatores de diversas ordens como: tempo hábil para aplicação, nível de maturidade de alunos, dificuldades com materiais de pesquisa, etc. Um aspecto relevante observado, foi a dificuldade em tornar a ação prática um processo, pois, cada escola em suas especificidades, já estando em andamento, deve readequar-se para implementar a nova proposta e, na prática, requer mudança em planejamentos, além de depender da compreensão e colaboração de outros membros da escola para a realização das atividades práticas. Falando dessa questão, foi mencionado também a dificuldade de diálogo interdisciplinar. Os colegas não aceitam, em muitos casos, que haja "ajuda" para duas disciplinas, enquanto outras ficam "relegadas" a segundo plano, conforme relatos de alguns. Outras questões específicas foram abordadas: dificuldades na prática da produção escrita, em alguns casos a prática oral - como na atividade em que se exige "recontar" ou "expor idéias". Também a questão disciplinar, entendida como uma dificuldade que grande parte dos alunos tem em seguir orientações em direção a um objetivo. Discutindo percebemos que, muitas vezes, falhamos porque não explicitamos as etapas de trabalho ou até mesmo os objetivos que norteiam nosso trabalho em sala. Concluímos que podemos melhorar adotando a postura de explicitá-los sempre que iniciarmos uma sequência didática. Os professores trabalharam no "Avançando na prática" com textos publicitários, textos biográficos, fábulas, jogos com o tipo descritivo, análise de textos instrucionais e explorando oralidade e escrita conforme algumas propostas do TP3. Socializamos também uma proposta de sequência didática explorando gêneros literários e não literários utilizando os textos da seção I da unidade 10, com o objetivo de estabelecer diferenças entre os gêneros levando os alunos a produzirem textos, poético e informativo. As idéias são de que podemos realizar trabalhos de produção e pesquisa que levem os alunos a explorar atividades industriais da própria cidade e transformar em texto, visitando, entrevistando trabalhadores, registrando a localização da indústria e o alcance da sua produção, entre tantos outros aspectos. Esse percurso possibilitará a tomada de consciência de que ele próprio, o aluno, pode ser agente do conhecimento. Enfim, conversando, refletindo essa e outras idéias, nós professores reafirmamos nosso compromisso e nossa capacidade de modificar nossas práticas e modificar também nosso futuro na educação. E seguimos gestando aulas melhores! Professora Eliene.

Texto biográfico




O "Avançando na prática" da p.25 do TP3, escolhido pela professora Andréia Moretti, cursista do Gestar do Município de Porto Estrela/MT, foi uma das atividades que mais chamaram a atenção durante o encontro. Essa afirmação se deve ao fato da escolha de uma atividade que mobilizasse conhecimentos mais próximos da realidade dos alunos. Devemos observar que isso não significa que os demais trabalhos não tenham sido relacionados com as vivências dos educandos e que não são, de forma alguma, menos importantes. Andréia relatou que a maioria de seus comprometeu-se com a pesquisa biográfica e se mostraram ansiosos para chegar à produção final, a biografia. O trabalho com os alunos consistiu em leitura e interpretação de diferentes biografias pesquisadas, tanto na internete quanto na biblioteca da escola, de estudo da estrutura composicional e informações próprias deste gênero e ainda da linguagem na qual são veiculados. Andréia considerou que seus alunos "tiveram um desempenho satisfatório no desenvolvimento das atividades" e que conseguiram apreender e mobilizar as competências necessárias para a produção do gênero biográfico. Essa atividade foi realizada com alunos da 3a. fase do 3o. ciclo. Além de entrevistar os familiares das pessoas alvos das pesquisas - pessoas ilustres ou que contribuiram significativamente para o desenvolvimento da comunidade - os alunos produziram biografias próprias, anexaram fotografias, dando provas concretas do estilo de cada um. Os trabalhos foram expostos no mural da escola para apreciação da comunidade escolar conforme demonstram as fotos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Trabalhando com um gênero



Alguns gêneros nos colocam diante de desafios. Como trabalhar com eles possibilitando ao aluno vivenciar situações efetivas de aprendizagem e ao mesmo tempo perceber que ele já sabe transitar, até certo ponto, dentro da língua da qual é falante ativo? O gênero bilhete, por exemplo, como podemos propor situações de produção que possam ir além de um estudo sobre seus aspectos formais? A questão é COMO. O primeiro ponto é promover uma reflexão acerca de alguns pontos básicos:
INTENÇÃO: o que eu quero escrever?
FINALIDADE: para quê? O que eu quero com o meu texto? Para que ele serve?

DESTINATÁRIO: a quem eu escrevo.

Levando em conta os aspectos levantados acima partimos para a adequação da linguagem que será empregada.
Intenção: comunicar-me.
Objeto: mensagem breve, mas completa.
Finalidade: pedir um favor.
Destinatário: minha mãe.
Essa composição textual resultará num texto breve, objetivo e de uma forma mais íntima em razão das características do DESTINATÁRIO. Vamos à produção:

"Mãe, traga-me a camisa branca de manga longa para eu usar hoje à noite. Beijo. João.

Essa foi a produção inicial para introduzir o estudo do gênero, sua estrutura e suas características. Agora propomos a mudança do destinatário da mensagem.
Objeto: bilhete.
Intenção: comunicar-se.
Finalidade: pedir um favor.
Destinatário: colega de quarto. Exemplo:

"Hugo, você pode fazer-me o favor de trazer uma camisa branca de manga longa que está no armário? Não poderei buscá-la no horário do almoço. Deixe aqui na recepção, eu pego depois. Obrigado. João."

O que mudou?

  • Forma do pedido
  • Informação adicional
  • Justificativa do pedido
  • Orientação
  • Agradecimento

Daqui em diante, a sala pode ser dividida em grupos. A proposta é que se reflita sobre a estrutura interna da mensagem e reescreva-se o bilhete. Pode-se trabalhar com a 2a. versão do bilhete. OBJETIVO: explorar o conhecimento intuitivo. Propostas:

1. Analisar o uso das palavras -ME e -LA (pronomes) e modificar suas colocações, posições no texto.

2. Analisar a possibilidade de sintetizar a mensagem reduzindo períodos, encurtando a mensagem sem modificar o sentido.

3. Utilizar palavras de conexão entre idéias que estão separadas em períodos, unindo idéias de períodos diferentes.

4. Reescrever o bilhete usando gírias ou outra linguagem que o grupo preferir sem modificar o sentido pretendido.

Como todo trabalho de sala, o professor dever orientar os grupos de forma a esclarecer certos pontos como: redução e conexão entre períodos, conectivos, mas que a intervenção seja feita sem interferência no trabalho de produção. Essa atividade foi aplicada com os cursistas do Gestar em Denise, Porto Estrela e Barra do Bugres em Mato Grosso e a maioria expressou interesse em utilizar com seus alunos, além disso, grande parte entendeu que tratava-se de uma nova maneira de explorar o conhecimento gramatical que o aluno já adquiriu em seus estudos e usos cotidianos da língua.

Proposta da professora Eliene, formadora do Gestar II em Denise, Porto Estrela e Barra do Bugres no Estado de Mato Grosso.